"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

5.4.06

ELAEU

Sim. Começo com um sim porque já é uma aceitação: estou entendendo algo a minha moda.
Olhando o horizonte com aquele semblante ingênuo de estar perdido mas com certa amargura. Aquela amargura de conhecer bem, já de muitos carnavais, traços doces e modos corrosivos. Um pouco estabanado e ao mesmo tempo com gestos calculados, repetidos diversas vezes com escrúpulos. Me recordo desde que o conheci. Sempre vários gestos.
Carregando aquela expressão cheia. De rosa pouco depois de passar de botão à rosa e pouco antes de desfalecer. Conservando aquele ar de dignidade: olhar ao longe vendo além - ultrapassando objetos parece ultrapassar o sentido.
Como sempre impondo um cigarro em seu palco (Esta cena tão peculiar de seu dia-a-dia.) Misturando o glamour de diva ao ar enigmático e pesado de velha cigana em cores definhadas, melancólicas, exibindo toda a vivacidade gasta - porém bem pulsante. Cigana velhaca, cheia dos macetes, escondendo as cinzas sob sob sob sob sob o tapete.
- É a minha vida! - dizia. Esplanando com as mãos no ar. Ar de poeta. Ar de imperador. De certo um bruxo tomando a vida dos que o cercam: uma vez em ti já não o mesmo. Toca com a ponta dos dedos o jardim, a selva inalcançável a olhos comuns, mas com rosto de mármore lhe bate a face com suas gélidas lâminas. Quem nunca sentiu esse veneno mórbido e desumano?
Mas quem imaginaria um amigo desvelado trancando os seus embustes a sete chaves? Menino de natureza difícil. Viajando em seres desconhecidos e intocáveis em seus universos. Qual essência? Qual poder? Homem indomável solto sobre infinitos campos verdejantes a voar. Ultrapassando cercas e muros. Criando cercas e muros.
Eis aí, como em tudo, o tudo que não enxergo. O que não explico. Não se pode pôr em forma alguma. É muito expansiva e livre. Mesmo preso a tudo me escapa o que os olhos vêem, o que o coração sente. Vejo algo, longe na escuridão. Brilha como molécula e parece dançar. Destaca-se na escura solidão sua luz glamourosa. Veja!... Não se pode tocar. Homogênio? Heterogênio? Gênio? Não tem molde. Parece brincar. Não se sabe ao certo. E fico aqui. Nessa distante contemplação.
este texto rebuscado não fui eu quem escrevi. a autora é uma grande amiga minha que escreve horrores de beleza embora pareça não acreditar muito em suas letras. como ela não quer mídia em torno dela pediu que eu não a identificasse, por isso citarei apenas seu primeiro nome que é bem comum: ANA. Esse texto ela fez para mim, o que me deixou muito muito muito orgulhoso. nem eu sabia que tinha tanto glamour. resolvi postar para que as pessoas tenham uma visão de mim feita por uma pessoa muito próxima e querida. eu adorei, principalmente a parte da cigana velhaca. pois é: sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher.

Marcadores:

1 Comments:

Blogger nickyyy said...

MAtheus!

cara, bota glamour nisso!
mas particularmente, prefiro as mais simples...
são mais sinceras e objetivas

Quanto a descrição da ANA, posso dizer que montei uma imagem de vc na minha imaginação... ainda é cedo pra dizer o que... mas se ela que é tão proxima de vc assim, eu não devo estar errada.

me identifiquei com algumas partes do texto de hj....

6:22 PM

 

Postar um comentário

<< Home