Filhos do Paraíso

Além das solas dos sapatos gastas e dos tênis furados. Mas quando há a necessidade de novos tênis para que uma corrida seja vencida? A corrida escolar. Estudar para quê? Para ultrapassar uma realidade-padrão e inventar novas possibilidades para o futuro. Livrar-se da opresão de uma tradição bela e rígida. Despir-se de padrões para criar uma vida muito própria, cheia de novidades... de alegrias? Não... aí também já pode ser pedir demais. O que resta então? Correr correr correr por um caminho calejado, não menos árduo do que o que qualquer outro tenha trilhado. Não há descontos graças à tenra idade. Corrida em slow motion. Suor. Desgaste. Expressão de descontentamento, esforço. Filme difícil, sim. E belo, extremamente belo, justamente por não ser facilmente digerível. Real: a vida dos outros. A infância que não condiz com a Disney.

E, ao final, depois da luta vã ou da luta ganha, descansar os pés machucados em água gelada, observando os peixes. imagem . Bacheha-Ye aseman, de Majid Majidi, Irã, 1997 texto . matheus matheus