"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

31.3.10

O Homem Que Virou Suco

Bem só pode estar o sol Porque ninguém o alcança Enquanto a fortuna dorme A desgraça nunca descansa texto & imagem . O Homem Que Virou Suco, de João Batista de Andrade, Brazil, 1980

30.3.10

Ladrões de Cinema

E desde quando marginal faz cinema? O cinema marginal é feito por burgueses sobre marginais. Marginal tá lá, ou preso, ou prostituto, ou comendo o pastel que o diabo amassou com o rabo. E quem discordar, que vá enforcar Tiradentes novamente.
imagem . Ladrões de Cinema, de Fernando Cony Campos, Brazil, 1977 texto . Zine Zine

27.3.10

Pro Dia Nascer Feliz

"Eu deveria ter uma péssima impressão da vida, se não fosse a paixão que tenho pela arte de viver."
texto & pessoa na imagem . Valéria Fagundes imagem . Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim, Brazil, 2008 trilha sonora . Dado Villa-Lobos

25.3.10

5 Frações de Uma Quase História

"Troco freneticamente de canal, mas minha vida não sai do lugar. Nada acontece senão na minha imaginação. Aí, sim: atiro nos passageiros em um vagão de metrô. Durmo com duas estranhas num motel de beira de estrada. E se der na telha, mato-as a garrafadas! Minha fuga é o meu delírio. Na TV, um turbilhão de imagens: um pastor me mostrando o caminho, um programa idiota de auditório, um cozinheiro ensinando a receita. Estou sempre sozinho, mas nunca me encontro. Que vontade de estourar os miolos de alguém!" texto . popcard de divulgação 5 Frações de Uma Quase História imagem . 5 Frações de Uma Quase História, de Armando Mendz, Cristiano Abud, Cris Azzi, Guilherme Fiúza, Lucas Gontijo e Thales Bahia, Brazil, 2007

24.3.10

Estômago

"Você é o que você come?
Há como saber exatamente o que você come?"
perguntas . matheus matheus imagem . Estômago, de Marcos Jorge, Brazil/Itália, 2008

23.3.10

O Cheiro do Ralo

"A vida é dura. De todas as coisas que eu tive as que mais me valeram, as que mais sinto falta, são as coisas que não se pode tocar, são as coisas que não estão ao alcance das mãos, são as coisas que não fazem parte do mundo da matéria. A vida é dura."
texto & imagem . O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia, Brazil, 2007

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18.3.10

A Festa da Menina Morta

"Aqui, diante de mim, eu, pecador, me confesso de ser assim como sou. Confesso o bom e o mau. Depois irei à nau, nessa deriva em que vou, me confesso possesso das virtudes, que são treze, e dos pecados mortais, que são sete. Quando a terra não repete que são mais! Me confesso de ser homem, ser um anjo caído do tal céu que deus governa. De ser um monstro saído do buraco mais fundo d'a caverna. E confesso de ser eu, eu tal e qual como vim, para dizer que sou eu aqui. Diante de mim." imagem de bastidores . A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele, braZil, 2008 texto . Livro de Horas, de Miguel Torga

16.3.10

Baixio das Bestas

"Tu sais ce qui a de mieux avec le ciné? C'est qu'au ciné, tu peux faire ce que tu veux."
texto & imagem . Baixio das Bestas, de Cláudio Assis, Brazil, 2006 traduzindo . "Sabe o que é melhor no cinema? É que no cinema tudo pode fazer o que tu quiser."

11.3.10

Amarelo Manga

I Amarelo é a cor das mesas, dos bancos, dos tamboretes, dos carros, da enxada, da extrovenga, dos carros-de-boi, das cangas, dos chapéus e dos cintos, do charque, amarelo das doenças, das remelas dos olhos dos meninos, das feridas purulentas, dos escarros, das verminoses, das hepatites, das diarréias, dos dentes apodrecidos. Tempo interior amarelo. Velho, desbotado, doente.
II Às vezes eu fico imaginando de que forma as coisas acontecem. Primeiro vem um dia, e tudo acontece naquele dia. Aí, chega a noite, que é a melhor parte. Mas logo depois vem o dia outra vez e vai... vai... vai... e é sem parar. E eu, não tenho encontrado alguém que me mereça. Só se ama errado. Eu quero é que todo mundo vá tomar no cu.
imagem e texto II . Amarelo Manga, de Claudio Assis, Brazil, 2003 texto I . Renato Carneiro Campos

9.3.10

Baile Perfumado

Besouro, Moderno, Ezequiel, Candeeiro, Seca Preta, Labareda, Azulão Arvoredo, Quina-Quina, Bananeira, Sabonete Catingueira, Limoeiro, Lamparina, Mergulhão, Corisco! Volta Seca, Jararaca, Cajarana, Viriato Gitirana, Moita-brava, Meia-noite, Zambelê quando degolaram minha cabeça passei mais de dois minutos vendo meu corpo tremendo e não sabia o que fazer morrer, viver, morrer, viver

imagens . Baile Perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, Brazil, 1997 texto . Sangue de Bairro, de Chico Science & Nação Zumbi

8.3.10

Corisco e Dadá

Corisco rodava... e rodava... e rodava... Qual cabeça de homem tonto com uma faca na mão. Ele degolava por prazer cada cabeça barbada de homem feito. Terminados os varões, partiu para as mulheres. Terminadas as mulheres, partiu para as crianças. Ele tinha sede. De sangue. Mas Dadá, que também era sofrida, dura, nem boba nem nada, e mulher, talvez por algum instinto maternal, defendeu as crianças, que correram quase livres pro campo. Foi quando, para aplacar a fúria de seu macho ainda todo coberto de sangue, acariciando aquela sua face rústica e empoeirada, que ela o fez - sangrar branco por entre as pernas.
imagem 1 . Corisco e Dadá
imagem 2 . Corisco e Dadá, de Rosenberg Cariry, Brazil, 1996
texto . matheus matheus

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5.3.10

Cronicamente Inviável

"A realidade não interessa às pessoas. Não adianta mostrar nada de real para elas. Elas sempre vão encarar tudo como ficção. Pra que perder tempo interpretando a realidade para as pessoas entenderem? Só pra fingir que eu entendo melhor? Melhor só registrar os fatos e deixar a interpretação para depois. Assim, pelo menos, posso fingir cada vez de uma forma. Cada vez arrumar a realidade de um jeito de acordo com o roteiro do momento. Ou não interpretar, o que seria perfeito. Registrar os quadros, nada mais."
texto & imagem . Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi, Brazil, 2000

4.3.10

Batismo de Sangue

"Quand les ruisseaux limpides de mon être seront secs mon âme perdra esa force. Je chercherai alors des pâturages loint ains où la haine n'a pas d'abri. Au printemps, je cueillerai des fleurs pour mon jardin du regret. J'exterminerai ainsi le souvenir d'un passé sombre."
" Il vaut peut-être mieux mourir que de perdre sa vie."
texto e imagens a) e b) . Frei Tito imagem c) . Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, Brazil/França, 2007

2.3.10

A Ostra e O Vento

Nós precisamos de conhecer outros lugares, de outras pessoas. Acabou-se o medo. Agora eu sei que o medo era apenas medo. Não era medo de. Era medo apenas.
imagem e frase. A Ostra e O Vento, de Walter Lima Jr., Brazil, 1998

1.3.10

Ação Entre Amigos

"Tá me dando uma coragem..." Fácil? Não vai ser fácil de jeito nenhum! Eu fico nervoso quando eu assisto televisão! A jogada é ir ao cinema. Acordado, quer dizer, de acordo. E não estiver? Que se foda ou que se manifeste. Ou ambos. Até podemos ser uns fodidos mas, sim, ainda queremos, sim, demonstrar valentia. "Quisera eu, pobre leão, fazer parte da nação." Aliciar com outra moeda. Medo: problema de consciência. Coroa de Cristo - ponta de revólver apontada na sua testa. A questão é: saber quem está ao teu lado e quem não está. Quem não estiver, não é amigo. imagem . Ação Entre Amigos, de Beto Brant. Brazil, 1998 texto . matheus matheus entre aspas . O Herói, O Marginal, de Mallu Magalhães